
António Manuel Lopes Andrade
Universidade de Aveiro[1]
A experiência e o capital adquiridos pelos judeus portugueses, sobretudo desde os primórdios da expansão portuguesa no século XIV, formaram uma comunidade capaz de aproveitar as novas e irrecusáveis oportunidades que iam surgindo em África, no Oriente, no Brasil e também nas colónias espanholas. A descoberta do caminho marítimo para a Índia constituiu um marco decisivo que veio revolucionar por completo todo o sistema em que assentava o comércio mundial de especiarias.
No virar do século, Portugal detém o mais vasto império alguma vez alcançado, assente numa relação bastante estreita e frutuosa entre poder e saber, que propiciou um avanço extraordinário em múltiplas áreas do conhecimento entre as quais se destacam a astronomia, a cartografia, a matemática ou a medicina. Os judeus portugueses, entretanto convertidos à força em cristãos-novos, mantêm-se, na sua grande maioria, no país e não são alheios a este projecto grandioso, em que participam com empenho e dedicação, tanto na produção de riqueza como de saber.
A expulsão dos judeus do território português, em 1497, executada de forma mais simulada
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