
António Manuel Lopes Andrade
Universidade de Aveiro
Diogo Pires encontra-se, com inteira justiça, entre os mais talentosos poetas novilatinos do século XVI. O humanista eborense, membro de uma destacada família de origem judaica, os Pires-Cohen, muito cedo deu provas do seu enorme talento enquanto poeta ao publicar – estava prestes a celebrar o seu vigésimo aniversário – várias composições em língua grega e latina num volume de homenagem a Erasmo, cuja edição esteve a cargo do notável humanista e impressor Rogério Réscio, poucos meses após a morte do Roterodamês[1]. Assim, no mês de Março de 1537, Diogo Pires assistia ao reconhecimento dos seus dotes poéticos, ao ver publicados vários epitáfios de sua autoria nesta obra colectiva em que participaram alguns dos mais consagrados humanistas da época, muitos deles ligados aos círculos erasmistas de Lovaina, entre os quais se contam André de Resende, Clenardo, H. Froben, Jean Morel, Juan Luis Vives, Petrus Nannius, S. Grynaeus ou Cornelius Graphaeus.
O humanista português percorreu um longo caminho, desde que saiu de Lisboa, em 1535, rumo a Antuérpia, até chegar a Dubrovnik, onde acabou os seus dias em finais do século. Ao longo da sua vida atribulada, porém, nunca deixou de se devotar, com maior ou menor intensidade, a duas actividades tão queridas de vários daqueles humanistas que com ele contribuíram para o volume publicado em memória de Erasmo: a poesia e o magistério.
A relação privilegia
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