António Manuel Lopes Andrade
Carlos Morais
CLC — Universidade de Aveiro
Este estudo está centrado na análise da versão manuscrita para português
do tratado latino De re rustica de Columela sobre a ciência agrária1. Merecem
a nossa particular atenção o enquadramento geral da versão portuguesa no
contexto do movimento humanista europeu e da transmissão do próprio
texto columeliano – seja em língua latina, seja em tradução –, bem como
as interessantes anotações que o humanista aveirense foi intercalando ao
longo da sua tradução parcial da obra de Columela. Este trabalho apresenta,
convém dizê-lo, os primeiros frutos de uma investigação ainda em curso, cujo
objectivo final pretende ser a publicação de uma edição moderna desta versão
de Fernando Oliveira, acompanhada de um estudo introdutório.
Lúcio Júnio Moderato Columela (Lucius Iunius Moderatus Columella),
natural de Cádis, compôs, por volta de meados do século I d. C., o tratado
latino De re rustica sobre a agricultura, que constituía, sem dúvida, a mais
importante das disciplinas económicas da Antiguidade. Columela aborda a
matéria com a reconhecida autoridade de quem possuía e administrava vastas
propriedades agrícolas e pertencia a uma família da Hispânia com tradição
firmada na exploração da terra. Escreve, por conseguinte, um amplo tratado
Este trabalho, não obstante ter sido ampliado e enriquecido com novos dados, resulta
de uma conferência, com o mesmo título, proferida no Colóquio «Fernão de Oliveira (c. 1507 –
– c. 1582): Modelo de Sábio Humanista», que teve lugar na Sociedade de Geografia de Lisboa, no
dia 14 de Dezembro de 2007.
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com marcado entusiasmo e competência, não hesitando em recorrer, quer à
sua experiência e prática na matéria, quer às inúmeras fontes gregas e latinas
sobre a ciência agrária, onde pontuavam, desde logo, as obras que Catão,
Varrão e o próprio Virgílio haviam dedicado às actividades agrícolas.
Columela é, simultaneamente, um homem de letras e de ciência. Era
amigo pessoal de Galião, irmão do filósofo Séneca, a cujo círculo de alguma
forma pertencia2, e de Públio Silvino, a quem dedica todos os livros de De re
rustica, a sua obra mais importante. Foi, aliás, a pedido expresso de Galião e
de Silvino que Columela decidiu compor em verso (hexâmetro dactílico) o
livro X do tratado3, sobre a cultura e arranjo dos jardins (De cultu hortorum),
tomando assim a seu cargo o convite endereçado por Virgílio, nas Geórgicas,
aos poetas vindouros que desejassem dar continuidade à sua obra4. O poeta
gaditano não logra alcançar, a não ser em breves espaços, o vigor da criação
poética do modelo virgiliano, mas revela, em contrapartida, um conhecimento
bastante mais aprofundado da matéria tratada5.
Columela adopta uma perspectiva eminentemente didáctica na exposição
clara e sistemática das técnicas e dos saberes da ciência agrária de que tem
um domínio apurado. No entanto, o empenho e entusiasmo que coloca na
redacção da obra não ficam a dever-se apenas à sua evidente intencionalidade
didáctica ou à proximidade que tinha das matérias, porquanto «escribe como
quien tiene un verdadero compromiso con la patria, en la idea de que acomete,
como hicieron en su día Catón o Varrón o Virgilio, una empresa de interés
nacional»6. De facto, o agrónomo latino estava perfeitamente consciente do
estado calamitoso a que tinha chegado a agricultura do seu tempo, em grande
medida devido ao desleixo, ao abandono e à má exploração das terras, como
deixa perceber a leitura do início do prólogo geral do tratado agronómico, na
versão de Fernando Oliveira (fls. 177-177v; 180v):
Cf. Fontán (1997: 24). Embora seja difícil aferir o grau de adesão de Columela ao
estoicismo, convém notar que algumas das suas posições ideológicas estão bastante próximas das
doutrinas de Séneca. É disso exemplo o trato humanitário dos escravos que Columela defende e
afirma praticar (Sen. Ben. 3.21.1). A este respeito, deve sublinhar-se a visão crítica que Fernando
Oliveira (1969 24-25) manifesta sobre a escravatura no seu tempo.
Col. 9.16.2; 10, Praef. 3-4.
Verg. G. 4.147-148.
Sobre as manifestações da poesia didáctica no século I d. C., de que o livro X do tratado
de Columela é um exemplo, cf. Andrade (2002: 25-32).
Cf. Luque Moreno (1997: 116).
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DE RE RVSTICA DE COLUMELA NA VERSÃO PORTUGUESA DE FERNANDO OLIVEIRA
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Muntas vezes ouço queyxar os princepes da nossa cidade contra a lavoura
e a agricultura, dizendo que não responde como soya. E a causa disso, huns
dizem que he a esterelidade das terras, e outros a destemperança do ar, que pello
espaço dos tempos se muda. Outros querendo com algũa rezão moderar estes
queyxumes, dizem que a terra cansada e esvaecida pella munta fructificação
que fez antigamente, não poode jaa manter os homens como dantes fazia (...).
Mas vem juntamente co isso pello descuido e negligencia dos homens d’agora
que se desprezão de ser lavradores e não tratão a lavoura per sy como fazião os
antigos, mas entregamna aos que nem podem, nem sabem // usar della (...). // (...)
a agricultura veo em tanto desprezo antre nos que he havida pello mays bayxo e
vil officio de todos, e tanto que parece aos homens que não tem necessidade de ser
aprendida.
Columela denuncia, por conseguinte, a situação lastimosa a que chegou
a agricultura romana, com o objectivo declarado de procurar regenerar
e dignificar a cultura dos campos, uma actividade vital para a existência
humana, que constitui, na sua perspectiva, o caminho mais recto e honesto para
alguém poder aumentar o seu património. Não resistimos a citar, de seguida,
um segundo excerto do prólogo geral da obra (fls. 177v-178), na tradução
de Fernando Oliveira, em que se defendem precisamente as vantagens da
agricultura face a outras actividades humanas como, por exemplo, o comércio,
a guerra, a advocacia ou a navegação marítima:
Eu me espanto por certo de como os homens, em todas as outras artes, buscão
os milhores officiaes para se servirem delles, e nesta que mays releva, os piores.
E de todas as outras, ainda que sejão vãas, inutiles, viciosas e apartadas do bo
saber e virtude, ha hi mestres que as ensinem e discipolos que as aprendão: soo da
agricultura não ha mestres nem discipolos, sendo ella muy conforme e favoravel
aa boa sabedoria e sendo sem a qual se não poodem manter as respubricas, nem
conservar a vida humana. As outras artes ou ajudão ou ornão a vida dos homens,
e esta, mays que todas, a sostenta (...) Não soomente he necessaria para sostentar
a vida, mas tambem he accommodada para com bo titolo conservar e accrecentar a
fazenda sem offensa de Deus. De muntas artes vivem os homens necessariamente,
que // se não podem exercitar sem escrupolo da conciencia, como são a mercancia
e a guerra, a qual se não poode fazer sem crueldade e roubos e damno de muntos.
Tambem são escrupulosas as mecanicas, se não tratão verdade, e algũas outras
desnecessarias. Outras, ainda que necessarias, são todavia perigosas, como
he a navegação sogeyta ao furor do mar e impeto dos ventos e mesturada com
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peregrinações. Outras não soomente combatem a conciencia e vida, mas tambem
a honra.
O tratado De re rustica inicia-se com um prefácio geral, em jeito de
dedicatória, dirigido à pessoa de Públio Silvino, o culto e rico amigo do autor.
A obra compreende doze livros, a que subjaz a seguinte divisão temática: 1.º
generalidades, instalação e pessoal da exploração; 2.º cultura da terra: cereais
e leguminosas; 3.º , 4.º e 5.º viticultura e arboricultura; 6.º criação de gado; 7.º
gado miúdo; 8.º avicultura e piscicultura; 9.º apicultura; 10.º jardinagem; 11.º
e 12.º deveres do intendente e da sua mulher7.
O afã com que os humanistas se entregaram à redescoberta de antigos
manuscritos veio possibilitar o surgimento de edições e comentários de várias
obras da literatura clássica que, graças à descoberta da imprensa, tiveram
uma difusão ampla e rápida. Generalizam-se, igualmente, as traduções dos
autores greco-latinos nas línguas vernáculas num movimento que ganha cada
vez mais forma à medida que se avança no século XVI.
À semelhança do que aconteceu com muitas outras obras da literatura
latina, coube ao humanista italiano Poggio Bracciolini, numa das viagens que
fez à Alemanha, em 1417, a recuperação de um códice latino, donde muito
provavelmente saiu a quase totalidade dos manuscritos de Columela que
se conservam8. O advento da imprensa proporcionou à obra do agrónomo
latino uma ampla divulgação, cujo início ficou marcado pela saída a lume
da editio princeps, em Veneza, no ano de 1472. Nos anos subsequentes, a
obra de Columela, quase sempre integrada em edições conjuntas do corpus
de escritores romanos de re rustica (Catão, Varrão, Columela e Paládio),
foi objecto de inúmeras edições e comentários, sobretudo até meados do
século XVI (Regii, 1482; Bononiae, 1494; Regii, 1496; Regii, 1498; Regii, 1499;
Bononiae, 1504; Parisiis, 1513; Venetiis, 1514; Florentiae, 1515; Florentiae,
1521; Ad Aldinum exemplar, 1528; Parisiis, 1529; Lutetiae, 1533; Venetiis, 1533;
Basileae, 1535; Lugduni, 1535; Coloniae, 1536; Lugduni, 1537; Lugduni, 1541;
Servimo-nos da apresentação de Amzalak (1953: 10). Nesta mesma obra, encontra-
-se uma descrição pormenorizada do conteúdo dos vários capítulos de cada um dos livros do
tratado. Cf. «Plano e conteúdo do livro “De re rustica” de Columela», (Amzalak, 1953: 41-50).
Para uma análise criteriosa da história dos manuscritos e das edições do tratado de
Columela, cf. Maestre Maestre (1997: 263-309). Fizemos uso da listagem das edições do tratado
que figura na página 267 do estudo supracitado, compreendendo o período que vai desde a editio
princeps, em 1472, até finais do século XVIII.
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DE RE RVSTICA DE COLUMELA NA VERSÃO PORTUGUESA DE FERNANDO OLIVEIRA
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Lugduni, 1542; Parisiis, 1543; Lugduni, 1548; Parisiis, 1553; Lugduni, 1557).
Assiste-se, em particular a partir de meados de Quinhentos, a uma diminuição
substancial do número de edições latinas do tratado de Columela, em grande
parte justificada pelo recuo da língua latina face à crescente afirmação das
línguas vernáculas europeias.
De facto, é sensivelmente a partir de meados de Quinhentos que são
dadas à estampa as primeiras traduções conhecidas para as línguas alemã
(Estrasburgo, 1538; Magdeburgo, 1610), francesa e italiana (a versão de
Pietro Lauro de Módena publicou-se em Veneza, em 1544, 1559 e 1564). As
traduções francesas foram, indiscutivelmente, as mais frequentes. A este
propósito, convém mencionar a versão integral do tratado latino do cónego
Claude Cotereau, publicada em Paris, em 1551 e 1552, a que se seguiram duas
reedições, em 1555 e 1556, no mesmo local, mas enriquecidas com as revisões
e anotações de Jean Thierry de Beauvaisis.9
No entanto, é importante notar que, cerca de onze anos antes, em 1540, o
humanista francês Claude Meigret havia publicado, em Paris, uma primeira
versão francesa parcial, apenas do terceiro e quarto livros do tratado de
Columela10. Não podemos deixar de sublinhar a extraordinária coincidência
de tanto Claude Meigret como Fernando Oliveira terem traduzido o tratado de
Columela (um e outro apenas em parte), tanto mais que o humanista francês,
natural de Lião, é o reputado autor da primeira gramática de língua francesa,
saída a lume em 1550, na cidade de Paris11. Não será de excluir, naturalmente,
a hipótese de que Fernando Oliveira tivesse tido contacto com a obra de
Meigret durante a sua passagem por França. O humanista lionês publicou
ainda um tratado sobre o uso comum da língua francesa (Paris, 1542 e 1545),
outras traduções de autores greco-latinos (Salústio, Políbio e Luciano) e uma
versão francesa (Paris, 1555) do famoso tratado latino sobre a arte militar (De
re militari) do italiano Roberto Valturio (1405-1475)12.
Maestre Maestre (1997: 309-312) apresenta uma relação das principais traduções do
tratado columeliano para as línguas modernas. Note-se, porém, que não refere as traduções
parciais de Louis Meigret e de Fernando Oliveira.
Le tiers & quatriesme liures de Lucius Moderatus Columella, touchant le labour, traduictz de
langue latine en francoyse par Loys Megret. Paris, Denis Ianot, [1542]. Veja-se a descrição bibliográfica
pormenorizada desta obra, da qual se conhecem apenas dois exemplares à guarda da Biblioteca
Municipal de Lyon e da Bristish Library, publicada por Hausmann (1980b: 250-251).
Le tretté de la grammere françoeze. Paris, Chés Chrestian Wechel, 1550. A gramática teve
uma edição moderna estabelecida por Hausmann (1980a).
A obra de Hausmann (1980b) continua a ser o estudo de referência sobre a vida e obra
do humanista de Lião.
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A versão portuguesa de Fernando Oliveira, pese embora seja difícil
precisar a data em que foi escrita, integra-se precisamente neste conjunto das
primeiras traduções de Columela para as línguas vernáculas. Além disso,
constitui a primeira das traduções conhecidas do Gaditano para qualquer
uma das várias línguas faladas na Península Ibérica. Teriam ainda de decorrer
mais de 200 anos para que a primeira tradução castelhana da autoria de Juan
María Álvarez de Sotomayor fosse publicada, o que apenas viria a ocorrer em
182413. No entanto, notava-se já, desde meados do século XVIII, um interesse
renovado pela obra de Columela, a que não é alheio o papel preponderante
que o postulado da fisiocracia concedeu à agricultura no progresso social e no
desenvolvimento das nações. De facto, no último terço de Setecentos, assiste-
-se em Espanha a um conjunto variado de iniciativas voltadas para o estudo,
tradução e ilustração da obra de Columela. É este mesmo quadro ideológico,
como bem assinalou Eduardo Franco (2000: 69-70), que parece motivar os
responsáveis do periódico Annaes das Sciencias, das Artes, e das Letras (Paris,
1818-1822)14 a patrocinar a publicação da versão portuguesa de Fernando
Oliveira do tratado de Columela, transcrita fielmente pelo embaixador
Francisco José Maria de Brito, a partir do único manuscrito conhecido, à
guarda da então Biblioteca Imperial de Paris15.
Começando por ter existência autónoma, este manuscrito autógrafo,
como comprovam a grafia isométrica e o estilo, acabaria incorporado numa
miscelânea de outros manuscritos do autor, recebendo, por isso, uma nova
paginação que convive com a primitiva. Este códice compósito, que pertenceu
à biblioteca do cardeal Mazarino, entrou nos fundos da biblioteca parisiense
em 1668. Registado, sob o n.º 5, no catálogo de Morel–Fatio, é actualmente o
n.º 12 do Fond Portugais. Trata-se de um volume de 339 fólios que incorpora,
sem qualquer preocupação temática ou cronológica, além da versão portuguesa
do De re rustica de Columela (fls. 177-272), a História de Portugal (fls. 1-152), o
Livro da antiguidade, nobreza, liberdade e imunidade do reino de Portugal (fls. 157-
-176) e a cópia incompleta da Arte de gramática de lengua castellana d’ Antonio de
Nebrija (fls. 273-339).16
Sobre a presença de Columela em Espanha, veja-se o importante trabalho de García
Almendáriz (1995).
Os redactores desta revista de pendor científico, com periodicidade trimestral, do qual
saíram ao todo 16 tomos, entre 1818 e 1822, foram Francisco Solano Constâncio, José Diogo de
Mascarenhas Neto, Cândido José Xavier da Silva e Luís da Silva Mousinho de Albuquerque.
Cf. (1987: 661-682).
A transcrição integral da versão portuguesa de Fernando Oliveira foi publicada, por
partes, nos vols. IV-XII do periódico Annaes das Sciencias, das Artes, e das Letras (Brito, 1819-1821).
O códice foi descrito por Teyssier (1959: 360-362). Mais recentemente a história deste
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A transcrição da versão portuguesa de Fernando Oliveira, publicada
nos Annaes (tomos IV-XII), está precedida de uma nota introdutória de
Cândido Xavier Dias da Silva («Sobre a Traducção dos Livros de Re Rustica
de Columella, por Fernão d’ Oliveira»), um dos redactores da publicação
periódica, condenado à morte em Portugal e exilado em França desde o final
das Guerras Napoleónicas, o qual assina os seus trabalhos apenas com duas
iniciais do seu nome (C. X.). Segue-se-lhe uma breve «Notícia» sobre Fernando
Oliveira da autoria do próprio transcritor, Francisco José Maria de Brito.
Cândido Xavier, mais tarde sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa,
é também autor de outros artigos dos Annaes, entre os quais destacamos,
pela afinidade temática com o tratado de Columela, a extensa recensão que
escreveu sobre uma obra de um outro ilustre redactor e colaborador do
periódico: «Resenha Analytica – Georgicas Portuguezas por Luiz da Silva
Mouzinho de Albuquerque»17.
Fernando Oliveira, à semelhança de outros humanistas, estava
perfeitamente consciente de que a língua materna era um factor essencial
à unidade política, porquanto constituía um veículo privilegiado para a
transmissão da cultura, da religião e do saber, formando uma comunidade
nacional capaz de enfrentar o perigo externo que ameaçava a sua indepen-
dência e, consequentemente, a sua própria existência. Assim se compreende,
por exemplo, a opção inequívoca que toma em defesa da língua, ao compor a
primeira gramática da Língua Portuguesa, dada à estampa em 153618.
Há muito que se vivia em Portugal uma espécie de batalha linguística entre
as línguas portuguesa e castelhana. As intensas e constantes relações entre os
reinos ibéricos criaram em Portugal, durante décadas, uma corte bilingue, que
potenciou naturalmente o uso do castelhano por alguns dos nossos maiores
escritores dos séculos XV e XVI. O meio universitário constituiu um outro
factor propiciador deste fenómeno, já que inúmeros alunos e professores
portugueses frequentavam as mais reputadas universidades espanholas, das
códice, em particular no que concerne à versão do humanista português, foi objecto de um estudo
de Tarrío (2008: 83-93).
Silva (1820: 3-25). Mousinho de Albuquerque publicou as Geórgicas Portuguesas, em
Paris, no ano de 1820, dedicando-as à sua mulher, filha do próprio fundador dos Annaes, o
desembargador José Diogo de Mascarenhas Neto, também exilado em Paris. Entre 1821 e 1822,
Mousinho de Albuquerque publicou na revista vários artigos sobre agricultura portuguesa e
indústria.
Oliveira (2000[1536]).
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quais Salamanca era, à época, a mais conceituada. Do mesmo modo, eram
também chamados a leccionar em Portugal mestres vindos de Espanha.
O próprio Fernando Oliveira, convém recordá-lo, passou alguns anos da sua
juventude em Espanha, sendo muito provável que tenha prosseguido os seus
estudos no país vizinho.
Já vários poetas do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, publicado em
1516, haviam composto os seus poemas em português e castelhano, o mesmo
acontecendo com nomes consagrados da literatura portuguesa como Gil
Vicente, Sá de Miranda, Pêro de Andrade Caminha, Diogo Bernardes, para não
falar de Camões. Outros havia, todavia, que se revelaram defensores acérrimos
da Língua Portuguesa como o próprio Fernando Oliveira, António Ferreira,
Jerónimo Cardoso, João de Barros, Garcia de Orta ou Samuel Usque.
A versão da obra de Columela para português por Fernando Oliveira
enquadra-se também, de certa forma, neste espírito de defesa da língua (e da
nação portuguesa), porquanto o tradutor pretende facultar aos seus naturais
o contacto directo, na sua própria língua, com uma obra da Antiguidade
Clássica, de cuja enorme utilidade para o desenvolvimento da agricultura e
da economia nacional parece estar convencido. A ajuizar pelo teor geral das
anotações feitas à tradução, Fernando Oliveira não pretende apenas reabilitar
as fontes clássicas, como é prática comum entre os humanistas. É que subjaz
à sua decisão de verter o tratado agronómico latino a firme convicção de estar
a praticar uma missão de grande utilidade para o interesse nacional, tal como
tinha feito, no seu tempo, o próprio Columela19.
Ou porque Fernando Oliveira, entretanto, tivesse morrido, como tem sido
proposto por alguns, ou porque, confirmando a irrequietude típica do seu
carácter, se tivesse dedicado a outra qualquer tarefa, a sua obra de tradução
ficou inacabada. Para português, o autor só verteu o prólogo e o 1.º livro (um
caderno de 34 fls.: 177-210), o 2.º livro (um caderno de 44 fls.: 211-254) e o
3.º livro, mas só até ao começo do capítulo IX (um caderno de 18 fls.: 255-
-272). Nesta versão, de importância inquestionável pela sua riqueza filológica,
científica e cultural, são particularmente interessantes as anotações, por vezes
com uma extensão significativa, que o autor vai intercalando, à guisa de
comentário, ao texto de Columela.
Sobre as prováveis motivações que levaram Fernando Oliveira a traduzir o tratado de
Columela, cf. Tarrío (2007-2008: 171-195).
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DE RE RVSTICA DE COLUMELA NA VERSÃO PORTUGUESA DE FERNANDO OLIVEIRA
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O primeiro destes comentários situa-se no final do livro II, logo após o
capítulo XXII que trata «das obras que se podem fazer nos dias das festas (...),
conforme as leys dos sacerdotes gentios, pelos quaes se então governava a
religião dos Romanos, tambem gentios» (fl. 250v). Trata-se de um excurso de
âmbito catequético, onde o tradutor dá conta, em pormenor, das obrigações e
licenças, diferentes das romanas, que deviam ser observadas, nos domingos
e festas, pelos que professavam a religião cristã: não executar qualquer tipo
de trabalho servil e «ouvir missa na sua freguesia, ou onde poderem, não
desprezando o seu sacerdote» (fl. 251v). No sentido, talvez, de acautelar
novos problemas com a Inquisição, aquando da publicação da obra, o tradutor
contrapõe o que é dito em Columela ao preceituado pelos Mandamentos da
Santa Madre Igreja, conforme rezam alguns manuais destinados a confessores
e a penitentes20.
Uma das obras mais significativas, neste género, é o Manual de Confessores
e Penitentes, reformado e prefaciado pelo teólogo e canonista, Martín de
Azpilcueta Navarro, em 1552, pouco antes de Fernando Oliveira ter sido
nomeado corrector da imprensa da Universidade de Coimbra.21 Coube aos
impressores João de Barreira e João Álvares22 a publicação da segunda edição
do Manual de Confessores e Penitentes, que integrou, pela primeira vez, as
correcções e acrescentos do Doutor Navarro e que viria a ter uma fortuna
editorial assinalável.
Convém sublinhar que há uma relação de grande semelhança, em
termos de forma e de conteúdo, entre a anotação de Fernando Oliveira e o
que está preceituado em alguns capítulos do Manual de Confessores e Penitentes
do Doutor Navarro, em particular no cap. XIII, subordinado ao título «Do
terceyro mandamento [do Decálogo]. De guardar as festas…» (pp. 113-121), e
no cap. XXI «Dos mandamentos da igreja: ouvir missa inteyra aos domingos
e festas…» (pp. 332-336)23
Sobre a natureza e os objectivos deste tipo de literatura parenética, cf. Fernandes (1995:
A primeira edição desta obra, atribuída comummente a Frei Rodrigo do Porto, foi
publicada em Coimbra, em 1549, nos prelos de João Álvares. Sobre as sucessivas adaptações,
traduções e edições deste manual, nomeadamente as da autoria de Martín Azpilcueta Navarro,
vide Silva (1975: 355-403).
Note-se que foi o mesmo João Álvares que deu à estampa, em Coimbra, a segunda e
última obra publicada em vida de Fernando Oliveira, ou seja, a Arte da Guerra do Mar, em 1555.
Para fazer o cotejo com o texto de Fernando Oliveira, servimo-nos das edições
conimbricenses de 1552 de 1560 (cf. Azpicuelta Navarro, 1552 e 1560). Citamos pela edição de
1560, da qual há duas reproduções digitais, uma na Biblioteca Nacional de Portugal, outra na
Biblioteca Digital da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
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Na sequência deste comentário inicial de Fernando Oliveira, encontra-
-se uma outra anotação, desta feita de carácter eminentemente filológico,
encabeçada pelo título «Aviso para notar neste segundo livro e nos outros
onde for necessario» (fl. 252). Trata-se de uma advertência aos eventuais
leitores da obra, cuja principal finalidade é aduzir os argumentos que, no
juízo do tradutor, justificam a forma como verteu para português o nome de
uma medida de sólidos (usada, em particular, para o trigo), «a que Columella
e os outros Latinos, na sua lingua, chamão modio» (fl. 252). O «modio latino»,
nas palavras de Fernando Oliveira, «era medida tam pequena que se dava de
reção para hum dia a hum boy ou besta» (fl. 252), ao passo que «os moyos
portugueses são medidas grandes ou, para mais certo falar, são numero de
medidas, tantas que abastão manter hum homem todo hum anno, e mays que
anno» (fl. 252). O comentador demonstra, comparativamente, que o modius
latino não corresponde, em termos de capacidade, ao moio português, apesar
de a palavra portuguesa ter origem na latina. Por isso, decidiu adoptar o
termo ‘almude’ para designar a medida original. Eis a forma como Fernando
Oliveira justifica a sua opção (fl. 252v):
E, por tanto, não trasladey modio latino em moyo portugues, mas chamolhe
almude, por que assy chamão em Aragão a hũa medida de cevada que dão a hum
cavalo para comer hum dia, e assy chama Antonio de Nebrixa, bo grammatico,
a duodecima parte da fanega castelhana, que he a nossa fanga, pouco mays ou
menos. A qual duodecima parte de fanega, nem he alqueyre, nem meyalqueyre,
nem quarta, nem ceromil, que são as nossas medidas (...) e nenhũa destas
concorda com o modio latino, segundo a interpretação d’ Antonio de Nebrixa,
homem douto na lingua latina, que diz que o modio latino he celamim ou almud
castelhano, o qual he, como dixe, a duodecima parte da fanega.
Na verdade, a capacidade do moio português (780 a 840 litros) era muito
superior à da medida latina da qual herdou a designação (modius: 8,7 a 9,3
litros). Por conseguinte, o uso da palavra ‘moio’ na tradução portuguesa
poderia facilmente induzir os leitores em erro. Assim, o tradutor resolve usar
o termo ‘almude’, cuja equivalência ao modius latino, não sendo propriamente
exacta, já se aproxima pelo menos em termos de ordem de grandeza. De facto,
o modius latino tem uma capacidade de 8,7 a 9,3 litros e o almude, na época
de Fernando Oliveira, variava entre os 4,6 litros do almude castelhano, valor
dado por Nebrija, e os 16,5 a 17,5 litros do almude português. É sensivelmente
DE RE RVSTICA DE COLUMELA NA VERSÃO PORTUGUESA DE FERNANDO OLIVEIRA
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a meio deste intervalo de variação dos almudes ibéricos que se situa a
capacidade do modius romano24.
É de sublinhar o respeito que Fernando Oliveira manifesta pelo mestre
salmantino, Antonio de Nebrija, em cuja autoridade fundamenta a sua opção
pelo uso de ‘almude’ como tradução mais adequada para o modius latino.
O autor da primeira gramática castelhana, a primeira de uma língua vernácula,
havia publicado, em 1510, um discurso proferido no Estudo de Salamanca
sobre medidas latinas, ilustrado com inúmeras citações de autores greco-
-latinos25. Julgamos ter sido esta a fonte privilegiada do tradutor português,
porquanto Nebrija esclarece, nesse estudo, o sentido exacto do vocábulo latino
modius, recorrendo, aliás, à citação de um passo do livro II do próprio tratado
de Columela26. Evidenciando um notável sentido prático, não repugnou a
Fernando Oliveira adoptar um vocábulo, alegadamente da língua castelhana27,
por entender ser a solução mais adequada para resolver o problema, com a
seguinte justificação (fl. 252v):
E poys não temos esta medida, nem o nome della, não he inconveniente, mas
antes he necessario tomallo donde o ha e dos mays vezinhos, cuja linguagem he
quasi como a nossa e communica muntos vocabolos com a nossa.
Segue-se uma terceira nota do tradutor, com o título «Outra addição do
trasladador» (fl. 253), cujo objectivo é colmatar uma falha do tratado latino,
«por quanto Columella, neste segundo livro, em que trata da sementeyra
do pão e legumes, não faz menção de centeo, o qual em Portugal he munto
acustumado» (fl. 253). Fernando Oliveira procura complementar os dados
fornecidos pelo tratado latino sobre os cereais, em face das características
específicas da realidade portuguesa, «por não deyxar os nossos lavradores sem
a doutrina nesta parte necessarea» (fl. 253). No sentido de suprir esta lacuna,
Segundo Antonio de Nebrija, nas palavras de Fernando Oliveira, 1 módio latino = 1
celamin castelhano = 1 almude castelhano = 1/12 fanega castelhana (= 4,6 litros). Estamos gratos a
Luís Seabra Lopes pelo auxílio que nos prestou no esclarecimento das relações estabelecidas pelo
tradutor entre a capacidade das medidas castelhanas e portuguesas. Remetemos os interessados
nesta matéria para os estudos de Lopes (2003: 113-164) e (2005: 42-48).
Nebrija (1981 [1510]).
Sobre os ecos de Columela na obra de Nebrija, cf. Hinojo Andrés (1991: 333-342).
A justificação apresentada por Fernando Oliveira é simplesmente inexplicável,
dado que o ‘almude’ existiu em Portugal, desde época anterior à fundação da nacionalidade, e
manteve-se em utilização constante ao longo dos séculos. Foi, aliás, umas das principais medidas
em Portugal, a par do alqueire e do moio, e fazia parte do sistema legal português no tempo do
tradutor.
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326
| O FILÓLOGO
segue uma metodologia que assenta em três planos complementares: pesquisa
de outras fontes documentais («achey em Plinio hũa semente a que elle chama
secale», fl. 253), contacto directo com agricultores portugueses conhecedores
da matéria e recurso à sua própria experiência pessoal. Ouçamos, nas palavras
do tradutor, a enunciação deste processo hermenêutico que configura uma
postura verdadeiramente experiencialista (fls. 253-253v):
Estas qualidades que põe Plinio do secale parecem ser as do centeo, e em
nenhũa outra semente põe outras que tanto se pareção co elle. Mas, nem ainda
assy nos ensina o que nos cumpre, pello que me foy necessario enformarme
d’alguns lavradores da nossa terra, homens entendidos e de experiencia, dos
quaes soube que o centeo quer terra solta e bem estercada e a sua sementeyra he
sempre // temporãa, no mes de Septembro, antes que venhão os frios, e se as terras
são frias em Agosto (...). Eu o vy jaa nacido em oyto dias, por andar d’Agosto, na
serra do Touro, perto de Lamego.
Como apêndice do capítulo terceiro do livro III, encontra-se a última
anotação do gramático português, novamente de pendor filológico, sob o
título «Declaração d’algũas palavras deste capitolo terceyro do terceyro livro»
(fl. 265v). Desta vez, o tradutor justifica a razão pela qual decidiu preservar
na sua versão algumas palavras latinas relativas a moedas e a medidas,
começando por afirmar (fl. 265v):
Neste capitolo, ficão certos vocabolos de moedas e medidas, os quaes deyxey
na forma da lingua latina, não por falta de vocabolos portugueses, mas por que
não respondem precisamente as nossas aas dos Romanos.
Nesta ocasião, ao invés do que fizera em relação à tradução do modius
latino, Fernando Oliveira decide manter na sua versão alguns vocábulos
latinos relativos a moedas (sestercio, numo, usura semissis) e a medidas (culeo,
amphora e urna), discorrendo largamente sobre o valor das moedas e a
capacidade das medidas. Sem prejuízo de consultar outros autores clássicos,
o filólogo português enuncia, por diversas vezes, a sua fonte principal, ou
seja, Guillaume Budé, que era, à época, autor do mais famoso tratado sobre
moedas, pesos e medidas latinos (De asse et partibus eius). Recorre, de novo,
à sua experiência pessoal no comentário comparativo entre o valor das
moedas romanas, francesas (o termo de comparação do humanista francês) e
DE RE RVSTICA DE COLUMELA NA VERSÃO PORTUGUESA DE FERNANDO OLIVEIRA
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327
portuguesas. É nesse sentido que volta a dirigir-se directamente aos leitores
do seu trabalho (fls. 265v-266):
Por tamto saybão os leytores que sestercio era hũa moeda romana, a qual diz
Guilhelme Budeu que valia tanto como dez dinheyros de França, os quais fazem
quasi meo vintem de Portugal, por que cada hum dinheyro de França val quasi
hum real de Portugal. Digo quasi, por que os reaes de Portugal são algum pouco
mayores que os dinheyros de França, tanto que hum real de prata não // val mays
que trinta e seys reaes e dous ceytis de Portugal, e dos dinheyros de França val
mays de quorenta.
Jerónimo Cardoso, que teceu rasgados elogios a Fernando Oliveira,
numa das suas epístolas latinas28, é também autor de um pequeno tratado
sobre moedas gregas e latinas, pesos e medidas, publicado em Coimbra, em
1561, nos prelos de João Álvares29. Coubera a este mesmo impressor, como é
sabido, dar à estampa a segunda e última obra publicada em vida de Fernando
Oliveira, ou seja, a Arte da Guerra do Mar, em 1555, pouco depois de o egresso
dominicano ter sido nomeado corrector da imprensa da Universidade de
Coimbra, a 18 de Dezembro de 1554. Nas palavras de Justino Mendes de
Almeida (1965: 7), a referida obra do humanista de Lamego, terra em que o
nosso autor, curiosamente, confessa ter visto os campos de centeio, «é uma
espécie de sumário, à maneira de anacefaleose, da matéria contida no tratado
do grande humanista francês Guillaume Budé (Gulielmus Budaeus): Libri V de
asse et partibus eius (1514)», tendo sido posteriormente incluído no Dictionarium
Latinolusitanicum.
A extraordinária mundividência de Fernando Oliveira concedia-lhe,
evidentemente, um conhecimento apurado que lhe permitia relacionar, com
relativa facilidade, o valor das moedas latinas, francesas e portuguesas ou
a capacidade das medidas de vários países. Convém não esquecer que o
humanista aveirense é filho de um tempo novo em que a aritmética adquire uma
importância cada vez maior na descrição do real30. Não será demais recordar,
por exemplo, que o cristão-novo João Fernandes, o livreiro mercador, em cuja
Referimo-nos à epístola de «Hieron. Cardosus Ferdinando Oliuerio suo S. P. D.»,
publicada em Cardoso (1556: 29-30). A referida carta foi editada e traduzida, em primeiro lugar
por Mendonça (1898: 71-72 e 143-144); e, mais recentemente, por Reis (2009: 178-181).
Cardoso (1561). Esta obra acaba de ser reeditada e traduzida por Reis (2009: 82-105).
Cf. Almeida (1994), 2 vols.
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328
| O FILÓLOGO
loja Fernando Oliveira foi interpelado pelo seu inimigo João de Borgonha31,
patrocinou a segunda edição do primeiro e mais famoso tratado quinhentista
português de aritmética (Tratado da Prática d’Arismética), publicado em Lisboa,
em 1530, da autoria de Gaspar Nicolás.
Mesmo inacabado, este exercício de versão para português do tratado
agrícola de Columela (o primeiro na Península Ibérica) revela-nos um autor
ciente de que o seu trabalho, com esclarecimentos práticos e utilitários, seria
de enorme proveito para a agricultura nacional, votada ao abandono, em
consequência do recrudescimento do comércio marítimo. A sua preocupação
com a exactidão e clareza da matéria, em que se cruzam, de modo fecundo, os
dados fornecidos pelas fontes antigas e modernas e pela própria experiência
pessoal, é disso prova evidente. E tal preocupação define uma nova atitude
perante o saber, característica do humanismo português, de que o autor é,
sem dúvida, um dos mais lídimos representantes.
No calor desta altercação com o também livreiro Luís de Borgonha, Fernando Oliveira
veio a terreiro em defesa de Henrique VIII, o que lhe havia de valer um processo inquisitorial, na
sequência do qual foi preso e sentenciado em auto-de-fé, em Setembro de 1548 (IAN-TT, Inquisição
de Lisboa, Proc. 12099). Veja-se a transcrição integral do feito-crime de Fernando Oliveira publicada
por Mendonça (1898: 99-128).
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